Em relação à forma, as primeiras garrafas eram arredondadas, com gargalo
longo em formato de cone, e com tamanhos maiores, de vários litros, pois quanto
maior o envase, melhor a evolução e amadurecimento do vinho.
Com o tempo passou-se à forma cilíndrica e de menos volume, o que
facilitou não só o transporte e a comercialização como o empilhamento das
garrafas na horizontal.
E como já visto em relação às cores no último post, o formato da garrafa também revela muito sobre o vinho.
As mais tradicionais são as garrafas de Bordeaux ou bordalesas: corpo cilíndrico e alto, com “ombros” angulares e gargalo comprido (01); as de Borgonha ou borgonhesas: mais larga e arredondada, com curvas suaves e quase sem “ombros” (02); a da região de Alsácia ou alsaciana (ou "flute"): mais fina, alongada e mais comprida, sem “ombros” (03); e as garrafas de Champagne: mais larga e maior, de curvas suaves, de vidro mais grosso e resistente para suportar a pressão interna da bebida (04):
No caso dos vinhos do Novo Mundo, novamente, o critério de escolha é
livre. Mas prevalece a utilização dos formatos análogos aos Europeus.
Em vinhos produzidos no Chile, no Brasil e na Austrália, por exemplo, é
comum que se utilize a garrafa do tipo bordalesa sempre que o vinho for
produzido com as cepas Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc, originárias
da região de Bordeaux.
As mesmas garrafas para Chablis, Chardonnay da
Borgonha
e Chardonnays californianos |
Se o vinho vier da Alsácia ou da Alemanha e for feito com as uvas típicas Riesling e Gewürztraminer, então o formato da garrafa será o alsaciano ou "flute":
Vinho da Alsácia em garrafa "flute" |
E diversos espumantes pelo mundo
afora também são envasados em garrafas que possuem o formato típico da região
de Champagne.
Então agora vocês já sabem:
Se o vinho vier em uma garrafa de cor verde escuro do tipo bordalês, é
bem provável que você esteja diante de um “blend” feito com as uvas Cabernet
Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc provenientes da região de Bordeaux,
ou de um vinho do Novo Mundo produzido com essas uvas, típicas daquela região.
E se o vinho vier em uma garrafa de cor verde escuro do tipo borgonhesa,
é bem provável que você esteja diante de um varietal proveniente da região da
Borgonha feito com as uvas Pinot Noir ou Chardonnay, ou de um vinho do Novo
Mundo produzido com essas mesmas uvas, e que “aspiram ser um Borgonha”, por
assim dizer.
Porém, se a garrafa for do tipo borgonhesa e a cor não for verde escuro,
como na figura abaixo, bem, é vinho feito com as uvas Pinot Noir ou Chardonnay,
mas produzido no Novo Mundo, porque as garrafas que saem da Borgonha são todas,
sempre, de cor verde escuro.
Etretanto (e sempre há um entretanto), alguns produtores de regiões
clássicas (a exemplo do que acontece hoje em Bordeaux) estão a
abandonar as tradições produzindo vinhos que não são engarrafados em
conformidade com as convenções da sua região, exatamente para serem
considerados modernos e diferenciados.
Não percam o último post da série sobre garrafas: AS GARRAFAS DE VINHO: a reentrância na base, no qual falaremos sobre a curiosa concavidade existente na base de algumas garrafas.
Espero que tenham gostado, e se gostaram compartilhem!
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